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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 23 Dez 16
As verdades incómodas a certos políticos, a mamadores do úbere governamental e a poucos inocentes são o que geralmente se apelida de politicamente incorrecto. Como fazer política é, acima de tudo, mudar a realidade, vou apresentar algumas dessas verdades a políticos consequentes e a inocentes que o queiram fazer.
A expressão cabo-verdianidade pode cheirar a racismo e nacionalismo chauvinista, ou levar a isso, como aconteceu na Costa do Marfim após o falecimento do H. Boigny com o seu sucessor. Talvez seja mais recomendável a expressão Cabo Verde cultural, no sentido lato de cultura, que implica educação, sociologia, política, economia e relação com o outro.
Reduzir Cabo Verde ao crioulo significa confiná-lo ao mutismo, mormente agora quando o português já é língua internacional utilizada na ONU.
O direito à diferença não se encontra consignado em nenhuma constituição, provavelmente porque o outro, isto é, a alteridade, permanece uma abstracção na maioria do espírito de constituições. Esta falha é tanto mais grave quando se observa também na religião, como acontece no Islão.
O monismo de opinião na sociedade não se limita a ser unicamente uma simples servidão política, mas igualmente servidão cultural, económica e social. Subjuga o homem e prolonga a dependência.
À noção de Nação que existia entre nós, em Cabo Verde, de longa data, como escrevi algumas vezes, veio enxertar-se a de Estado aquando da independência, mas subordinada ao Partido, identificando Nação e Estado com Partido. Se estivesses com o Partido, eras cidadão; caso contrário, estavas sujeito à nulidade ou à perseguição. Esta é a prática, aliás, a política do partido único, a que vivemos no chamado Estado Novo e após a independência, mesmo quando chegámos à pluralidade partidária, embora em menor grau, por o vício ter costas largas e nunca termos cultivado a prática da liberdade.
Os militantes partidários políticos são, na sua maioria, formatados às ideias dos líderes.
O diálogo que existiu entre o logos grego e os pensadores muçulmanos, diálogo sobre a metafísica, desde Averróis e Avicena e entre outros sábios da época, deixou de produzir frutos devido ao fundamentalismo religioso e à instrumentalização política e social do Islão.
O equívoco da globalização, que levou à anulação das soberanias nacionais e da regulamentação económica e financeira, apostou na liberalização de tudo (bens, capital, etc.), havendo aumento de tutela do financismo sobre a vontade do poder. Quanto ao prometido crescimento económico, aconteceu o contrário. Só cresceu a disparidade entre os excessivamente ricos e os imensamente pobres e miseráveis. O que hoje se globaliza é precisamente a forma capitalista de exploração.
O que é preocupante no mundo actual é a falta de sentido de serviço público, aquilo a que os ingleses chamam de civil service spirit. O sentido do serviço público, e não apenas funcionar ou gerir o que é público. O que é público é, vezes sem conta, interpretado como um património sem dono e não como um património colectivo, que realmente é. Por outro lado, não haver uma condenação sistemática da corrupção por parte dos colegas dentro de uma instituição, permite que estas práticas e condutas se tornam um modus operandi.
A organização em holding, quer dizer, a possibilidade de um grupo ter um banco a cuja direcção possa confiar as operações financeiras, tem precisamente por objectivo tornar mais fácil a entrada em pleno nas finanças globalizadas.
É preciso chamar as coisas pelos seus nomes como fez, corajosamente, a deputada do PS, Isabel Moreira, no Parlamento Português, despindo o regime angolano: a corrupção que goza da subserviência de quem beneficia da sua característica real, o dinheiro.
Uma das armas mais eficazes da comunicação social subserviente é a maior parte das telenovelas que adormecem a consciência popular e provocam uma verdadeira viciação. São o ópio do povo do mundo de hoje.
O milagre é como um golpe de Estado dado por Deus contra as suas próprias leis.
O abstencionismo que se observa nas eleições é quase sempre provocado por aversão à propaganda. A informação verídica é uma das melhores armas contra a violação psíquica das manipulações.
Quando a política se esvazia da sua dimensão ética e das regras básicas da lealdade humana, estaremos a legitimar o oportunismo, o cinismo e a duplicidade de comportamentos.
Veja-se como foram transformados os nossos tribunais, para deleite dos advogados de negócios e interesses, desespero dos lesados e alegria dos culpados!
A moda é a procura de um novo ridículo. É só ver os jovens com as calças descaídas no traseiro e os fundilhos ao nível dos joelhos para se verem as cuecas, as jovens com jeans rasgados nos joelhos e coxas, e já vi com rachas no traseiro (nos EUA), o que promete rachas também à frente. De ridículo, a moda passou a ser pornográfica. Não obstante os jovens actuais serem mais bem formados do que outrora, nalguns a extensão da ignorância é abissal. Há quem pense que o Levítico é um grupo rock.
Por ora ficamos por aqui, dito de outro jeito, é quanto basta para irritar alguns e agradar àqueles que em Cabo Verde se esforçam por cultivar a sua inteligência, como diria o nosso Mestre Aurélio Gonçalves.
Parede, Dezembro de 2016
- Arsénio Fermino de Pina
(Pediatra e sócio honorário da Adeco)
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Rebusquei depois nas minhas memórias e verifiquei ...
Deixem-me aqui recordar Celso Leão pessoa intelige...
Conheçi o café Lisboa em 1961.. Lá cantei fado mui...